sexta-feira, 10 de junho de 2011

Mecânico aprendeu a manusear colmeia com o pai e mantem ofício como hobby




Uma singularidade se destaca na biografia do mecânico de automóveis Ervino Schumacher: para ele, mexer na caixa de câmbio de um carro ou na caixa de uma colmeia de abelhas africanas, tanto faz. Em ambas, faz o trabalho com habilidade típica de profissionais calejados no ofício. Nascido em Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí, Ervino era agricultor na adolescência. Foi nesse tempo que ele aprendeu com o pai, Bertoldo, a lidar e a gostar de abelhas.

Com o sonho de garantir um futuro melhor, em 1973 chegou em Joinville e, com 16 anos de idade, começou a aprender o ofício de mecânico na antiga oficina Bade Merckle. Mais tarde saiu de lá para, até 1993, exercer a profissão em outras oficinas, quando então abriu a sua na rua João Woel, no bairro Vila Nova, onde está estabelecido até hoje.

Ao virar dono do próprio nariz, Ervino sentiu a necessidade de voltar a mexer com abelhas. Desde então, ele é dono de 12 colmeias espalhadas na área rural nos arredores do bairro Vila Nova. “Gostaria de ter mais, mas como conserto vans de transporte de escolares, sou obrigado a ficar de plantão; o serviço não pode parar e por isso só me dedico à apicultura nos fins de semana e à noite”, afirma.

Dono de todos os equipamentos necessários para o manuseio das colmeias, Ervino vez por outra é chamado para recolher enxames alojados em edificações. “Faço esse tipo de serviço à noite, único horário disponível,
e por isso nem sempre posso atender aos pedidos de socorro”, diz, bem-humorado.

Recentemente, ele recolheu um enxame no PA 24 Horas do Itaum. “As abelhas estavam enfiadas em um vão muito estreito que me obrigou a tirá-las de lá sem a vestimenta de proteção, e por isso levei umas 30 ferroadas. Doeu uma barbaridade, mas como não sou alérgico, não fiquei nada inchado nem precisei ser medicado”, conta,  divertindo-se com a situação. Ervino tem um irmão gêmeo, Alvino, que também é apicultor em Ituporanga. Mas a coisa não para por aí. O filho Fernando não seguiu a profissão de mecânico. Preferiu aprender o ofício de  marceneiro. Mas, como filho de peixe é peixinho, Fernando também é apicultor nas horas de folga. “A apicultura está no sangue da família”, diz Ervino.

Casado com dona Adenir, pai de um casal de filhos e um neto a caminho (ainda não sabe se será menino ou menina), Ervino está com 56 anos e vai se aposentar quando completar 60. Ele avisa que já tomou uma decisão. Assim que fechar as portas da oficina, vai aumentar o número de colmeias para se dedicar exclusivamente à apicultura.

Nada agressivas

Ervino garante que as abelhas são dóceis por natureza. “Elas jamais atacam de graça, só fazem isso quando se sentem ameaçadas. O resto é tudo folclore”, resume. O apicultor dá até um exemplo de ataque atribuído à agressividade gratuita das abelhas. “Fincar um palanque perto de uma colmeia é perigoso, pois as pancadas fazem a terra tremer e as abelhas atacam por achar que o intruso está querendo derrubar a caixa. Por isso, digo a todos que não se deve incomodá-las. Deixando-as sossegadas, elas nunca saem por aí distribuindo ferroadas a torto e direito”, destaca o mecânico apaixonado por abelhas. (Rogério Souza Júnior/ND)

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