segunda-feira, 18 de abril de 2011

Escolas de Pirabeiraba podem receber prêmio nacional


Mariana Pereira | mariana.pereira@an.com.br

Duas escolas de Joinville estão entre 32 instituições finalistas de um prêmio nacional que reconhecerá as “Melhores Práticas do Brincar” e as “Melhores Práticas do Aprendizado pela Experiência” de todo o Brasil.
 
A entrega do prêmio, que faz parte do Programa Pelo Direito de Ser Criança, promovido pela Omo Unilever, será na quarta-feira, em São Paulo, e a expectativa das representantes joinvilenses é grande. Os alunos das escola municipais Hermann Müller e Germano Lenschow, na região rural de Pirabeiraba, estão confiantes.

Basta conhecer as escolas para saber por que as instituições têm grandes chances de vencer e receber o selo “Aqui se aprende pela experiência”.

Aprendendo com a voz da experiência

Os alunos da Escola Municipal Germano Lenschow sabem que aprender com as experiências dos mais velhos pode ser ainda mais enriquecedor. Um dos projetos desenvolvidos na escola, o Café com Memória, tem promovido encontros das turmas da educação infantil e do ensino fundamental com pessoas que têm mais de 60 anos de vida e histórias para contar.

 Um dos encontros foi com idosos da comunidade rural e outro foi na Estação da Memória, com ex-funcionários da estação ferroviária, conta a professora Alessandra Helena Nazário Günther.

Foi bem interessante, porque, para trabalhar essa questão da memória, depois os alunos ajudaram a montar um pequeno museu, em uma das salas da escola, para contar as histórias deles e das famílias deles, relata.

E mais do que valorizar a experiência dos mais velhos, os professores também procuram, durante as aulas, dar às crianças o direito de viver a infância em sua plenitude, com todas as brincadeiras e fantasias a que as crianças têm direito. Seja na Hora Livre, em que as crianças escolhem do que brincar, ou durante as atividades, professores trabalham os conteúdos sempre de forma lúdica.

Mas nem tudo é brincadeira. Os alunos também demonstram que estão preocupados com questões sérias. Por isso, no ano passado eles desenvolveram uma ação de educação ambiental e distribuíram sacolas de lixo para carros a motoristas que transitam pela Estrada Dona Francisca. A intenção foi conscientizar os motoristas sobre a importância de não jogar lixo na rodovia.

Sala de aula sem paredes ou quadro-negro

Na Escola Hermann Müller, por exemplo, a sala de aula é ao ar livre, o jardim tem um bosque de leitura, cheio de poesia, e até a forma de aprender o alfabeto é diferente. Elas aprendem a ler e escrever cada letra plantando flores, num canteiro com espécies de A a Z, de alamanda a zínia. E o respeito à natureza e ao próximo também é cultivado, dia a dia.
Cada um tem a sua orquídea e todos os dias a gente vai vendo se descobre um novo broto, um novo botão, uma flor nascendo, conta Amanda da Silva Almeida, de nove anos, aluna do 5º ano.
No orquidário, eles acompanham o desenvolvimento de 140 orquídeas, e depois, algumas destas espécies nativas serão devolvidas para a mata atlântica, para recuperar áreas devastadas, explica a diretora da escola, Silvane Aparecida da Silva.

Muitas escolas trabalham a questão da educação ambiental por meio das tragédias, falam do aquecimento global, da poluição, do desmatamento da Amazônia, o que pode trazer à criança um sentimento de impotência, e nós preferimos dar a elas a oportunidade de viver uma experiência positiva, que traz esperança, ressalta. Se não for divertido, não é envolvente, tampouco sustentável, defende.

É impressionante perceber como não temos casos de agressão na escola, todos se ajudam, diz a diretora, que atribui o bom comportamento dos alunos a essa convivência harmoniosa com a natureza. Alguns estranham quando vão estudar em outra escola, conta a diretora.

Mas eles voltam para acompanhar as orquídeas que plantaram florescendo, porque isso acaba criando um vínculo da criança com a escola, e outros já estão levando estas práticas em suas novas escolas, complementa.

Quem visita a escola, na Estrada Palmeira, fica impressionado. O escritor Leonardo Boff, que visitou a escola, disse que a Hermann Müller é a escola dos sonhos de qualquer criança, e resumiu sua impressão no Twitter:  "Visitei uma escola montada sobre a relação com a ecologia. Aqui está o começo da nova Terra."

Os critérios do prêmio

O Programa Pelo Direito de Ser Criança premia escolas públicas e privadas de educação infantil e fundamental (até o 5º ano) de todo o Brasil que têm as melhores práticas do brincar e do aprender pela experiência no processo de desenvolvimento infantil. Dentre as mais de quatro mil instituições inscritas, 32 escolas serão premiadas com a implantação de parques infantis.
O anúncio das escolas e a cerimônia de premiação serão realizados na quarta-feira, na Estação das Artes da Sala São Paulo, na cidade de São Paulo.

Neste ano, serão premiadas escolas nas categorias “Selo Aqui se Brinca” (educação infantil) e “Selo Aqui se Aprende pela Experiência” (educação fundamental). As cinco escolas que apresentaram as melhores práticas serão reconhecidas com os prêmios “Melhores Práticas do Brincar” e “Melhores Práticas do Aprendizado pela Experiência”, recebendo parques modulares que buscam potencializar a criatividade e autonomia das crianças.

As outras 27 instituições receberão o prêmio “Boas Práticas do Brincar” e “Boas Práticas do Aprendizado pela Experiência”, cujo prêmio é a gangorra de mola do programa, produzida com madeira certificada.