sexta-feira, 17 de junho de 2011

O berço do turismo rural de Joinville


Berço do turismo rural em Joinville, a Estrada Bonita começa na BR-101 e termina nos pés da Serra do Mar, a cinco quilômetros adiante. O caminho é quase todo asfaltado, menos nos últimos 600 metros, justamente no local onde a vocação econômica do lugar começou a mudar com a abertura do Restaurante Tia Marta, em 1977.

No bojo do empreendimento aberto pelo casal Tercílio e Dolores Bilau, outras famílias aos poucos migraram para o segmento de turismo até transformar a Estrada Bonita em referência neste tipo de atividade. Hoje, o lugar se caracteriza pela presença de bons restaurantes, pousadas, indústrias caseiras de alimentos e lagos de criação de peixes vendidos pelo sistema pesque-pague, que proporciona bons momentos de lazer para quem gosta deste tipo de atividade.

De tão bem-sucedido, o projeto de turismo rural da Estrada Bonita é constantemente visitado por agricultores de outros municípios de Santa Catarina e de outros Estados, interessados em copiar o modelo joinvilense.

Paralelamente ao turismo rural, algumas famílias continuam com suas atividades agrícolas, como nos tempos antigos. A convivência harmoniosa entre a agricultura e o turismo, acrescida do cenário bucólico, faz da estrada um dos lugares mais encantadores do interior de Joinville.

Orgulhosos, os moradores dizem que a Estrada Bonita merece efetivamente o nome que ganhou dos imigrantes germânicos que se estabeleceram ali para ganhar a vida como agricultores.

Albino e Terezinha Marciniaki são os últimos moradores da Estrada Bonita, um pouquinho antes de se chegar a uma cerca de arame farpado, erguida por uma empresa joinvilense que é dona da serra onde estão situadas as cabeceiras do rio Pirabeiraba. O manancial, de águas cristalinas e habitado por cardumes de lambaris, emoldura o berço do turismo rural.

Aposentado e estabelecido no local há mais de 25 anos, Albino ergueu a casa ao lado do rio Pirabeiraba. Construída há 11 anos, ela está literalmente encaixada dentro da mata. O sol só bate no telhado e na parte frontal. Nas laterais e nos fundos, a luz solar não consegue penetrar a barreira verde formada por essências da mata atlântica. Muitas espécies são frutíferas e foram plantadas pelo próprio Albino. “Sempre que dou uma volta pelo mato, quando encontro sementes de árvores frutíferas, como cambucá, trago e semeio ao redor de casa”, assinala.

Albino usou uma técnica simples para que sua morada não fosse tomada pela umidade da mata. “É de madeira, com assoalho alto do chão, bem ventilada. Não é úmida, não, senhor”, garante, enquanto abre um largo sorriso.

Felizes da vida, Albino e Terezinha, que hoje continuam trabalhando na manutenção de chácaras de vizinhos, juram que não trocariam a casa nem pela melhor mansão do Centro da cidade. “Aqui é o paraíso do sossego, do ar puro e da passarinhada. Além disso, o barulhinho da correnteza do rio Pirabeiraba nos ajuda a dormir como pedras. É por estas coisas que não vamos nunca nos mudar daqui”, assinala o morador da casa sombreada pela mata atlântica. (ND)