segunda-feira, 2 de maio de 2011

Estrada do Oeste conserva costumes germânicos




Tradicional reduto de lavouras de cana-de-açúcar para a produção de melado, aguardente, garapa e forragem animal, a Estrada do Oeste está situada perto da sede de Pirabeiraba, e é cortada em duas partes pela BR-101. No lado esquerdo, sentido Joinville-Garuva, a estrada avança dois quilômetros para acabar no pátio da morada do casal Reinaldo Dumke e Ivone Brandeburg Dumke.

Naquele trecho sem saída, a estrada é reta e plana. Em suas margens, se destacam lavouras de cana-de-açúcar, presentes desde o tempo em que os imigrantes germânicos chegaram ao local para derrubar a mata, erguer suas casas e começar vida nova, longe das conturbações que sacudiam boa parte da Europa na segunda metade do século 19.

Reinaldo conta que antes da implantação e até a duplicação da BR-101, os moradores iam de um lado para o outro da Estrada do Oeste cruzando a rodovia federal, manobra que representava acentuado risco de se envolver em acidente. Com a duplicação, a interligação dos dois trechos passou a ser feita pelo viaduto de Pirabeiraba ou pelo elevado em frente ao complexo Rudnick. “A distância ficou um pouco mais comprida, mas a passagem se tornou bem mais segura”, assinala Ivone.

Apesar dos sinais de progresso nos arredores e na própria Estrada do Oeste, o lugar continua tranquilo como antigamente. Com mais de um século de história, a paz em Estrada do Oeste só foi quebrada no ano passado quando um trio fez uma família refém. No confronto entre a polícia e os assaltantes, uma moradora foi gravemente ferida a bala. Depois de prolongado tempo no hospital, para alegria geral dos moradores do lugar, ela voltou recuperada.

Reinaldo e Ivone nem gostam de lembrar do episódio em que a vizinha e amiga quase perdeu a vida. Eles preferem destacar o clima de sossego que prevalece no local, onde moram há mais de 40 anos. “Aqui. o único barulho que ouvimos é o canto dos pássaros. De vez em quando também escutamos o ronco de algum avião”, diz a bem-humorada e disposta Ivone.

Pais de seis filhos e avós quatro vezes, Reinaldo e Ivone criaram a família cultivando cana-de-açúcar e fazendo melado. Hoje, estão com o engenho desativado, mas continuam trabalhando na terra. ”Não saberíamos viver sem trabalhar. Por isso, continuamos plantando e colhendo cana para vendê-la a fabricantes de melado mais jovens que nós”, assinala.(ND)