quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Área rural de Pirabeiraba poderá ser zona industrial


Projeto de lei do vereador Alodir Cristo (DEM) quer transformar o lugar em zona industrial. Abaixo-assinado com 300 assinaturas contrárias foi apresentado na quarta-feira (23), em audiência pública na Escola Municipal Alfredo Germano Hardt. (ND)
O bucólico cenário da Estrada do Oeste, em Pirabeiraba, onde a maioria vive em harmonia com a natureza e a qualidade de vida que se desfruta ali é invejável está ameaçada.
“Acho péssimo isso, porque vai trazer poluição, até para a produção de alimentos”, considera Renato Friedmann, morador da localidade e que garante não utilizar nenhum agrotóxico no plantio da cana-de-açúcar ou na produção do melado artesanal. “Do jeito que vem da terra, vai para o pote”, afirma, temendo os riscos de contaminação com as indústrias.
“Dizem que vai trazer emprego, mas a gente não quer isso. Queremos qualidade de vida”, diz o presidente da Associação de Moradores da Estrada do Oeste, Luiz Américo de Souza.
Biólogo da Fundação 25 de Julho e dono de um sítio na estrada, Luiz Américo informa que o projeto liberaria a área para indústrias especializadas em produtos tóxicos, como tintas e vernizes, até artigos pirotécnicos, pólvora e explosivos. A possibilidade desagrada o presidente, que enxerga no incentivo ao turismo rural e à agroindústria uma alternativa para estimular a geração de emprego e renda, sem agressão ao meio ambiente.
“Aqui o forte é a cana. A primeira usina foi instalada ainda nos tempos do príncipe de Joinville”, diz Souza, lembrando que a estrada também produz bananas, hortifrutigranjeiros e conta com haras, escola de equitação e instrução de parapente.
Os moradores contrários à lei também temem pela integridade do rio Cubatão. Fonte de 70% da água consumida em Joinville, o rio já seria alvo dos resíduos de uma estamparia, que escorrem por um córrego na propriedade de Wilfredo Mews, 64.
O piscicultor mora ali desde que nasceu na casa em estilo enxaimel construída pelo avô, Otto Mews, em 1907. Desde a instalação da estamparia, vez ou outra ele vê o córrego mudar de cor. “Já vi a água ficar azul e lilás”, relata. A água colorida alcançou um dos tanques para a produção de peixes.
Além da estamparia, a estrada conta com outra empresa, que teria conseguido autorização apenas para instalar sua recreativa, mas aos poucos começou a trabalhar no barracão. “Se com duas empresas já temos problemas, imagine com cem indústrias aqui”, projeta o presidente da associação.