sábado, 14 de maio de 2011

O prazer de tomar um café colhido em casa



Trudi e o marido, Adolfo Rutzen, que mantêm a tradição de produzir e fazer café


Em Joinville, até os anos 50 do século passado, era comum a produção de café para o consumo doméstico. No meio rural e até na cidade, muitas famílias dispensavam o produto industrializado, preferindo prepará-lo pessoalmente de forma artesanal. Hoje, essa tradição ainda é mantida viva por umas poucas famílias do meio rural. Resistindo à modernidade, elas continuam a preparar pessoalmente o pó que garante o cafezinho de cada dia.

É o caso de dona Gertrudes Rutzen,  moradora da Estrada Rio da Prata, no distrito de Pirabeiraba. Na casa de dona Trudi, como é conhecida pelos parentes, vizinhos e amigos, só é bebido café produzido e preparado por ela própria. Aos 69 anos de idade, ele conta que aprendeu a preparar café caseiro ainda menina. “Comecei com menos de dez anos de idade. O café caseiro, além de puro, tem muito mais sabor do que aquele saído das fábricas”, compara.

Para preparar o produto, ela colhe os grãos de café nos meses de maio e junho. São acondicionados no sótão de um rancho para secagem preliminar e, depois, colocados no sol forte ou num forno moderadamente aquecido para retirar o restante da umidade. Feito isso, os grãos são descascados manualmente no pilão, para em seguida serem torrados em um pequeno tambor instalado sobre um braseiro bem forte. Para garantir uma torrefação uniforme, o tambor é movido a mão, incessantemente, até  a operação acabar. “Em média, é preciso meia hora de fogo para os grãos ficarem no ponto certo”, assinala a moradora da Estrada Rio da Prata.

Depois de torrados, os grãos devem ser colocados dentro de vasilhames de vidros e guardados em lugar seco, estando então pronta a matéria-prima para se fazer um bom pó de café, que dona Trudi obtém ao triturar os grãos em uma antiga moenda manual.

Preocupada em manter a tradição familiar, dona Trudi já ensinou todos os macetes de se fazer um bom café caseiro à filha Adelaide, que ajuda a mãe em dias de torrefação. “Minha mãe herdou a arte de produzir pó de café com os pais dela. Ela deu continuidade a essa tradição da família e eu vou levá-la adiante”, avisa a disposta Adelaide. A experiente Trudi garante que a produção de pó de café é até de fácil execução, havendo só a necessidade de saber dar o ponto certo na secagem e na torrefação dos grãos.

Dona Trudi é casada há 47 anos com Adolfo Rutzen. Ambos nascidos e criados na comunidade da Estrada Rio da Prata, sempre tiraram da terra o sustento, produzindo aipim, batata doce, cará, taiá-Japão e leite. Hoje aposentados, eles deixaram de lado as lavouras, dedicando-se à criação de alguns animais domésticos. “O peso da idade nos obrigou a diminuir o ritmo no trabalho”, comenta a sempre sorridente Trudi.

Além do preparo de café genuinamente caseiro, a propriedade da família Rutzen chama atenção pela presença de antigas cercas de pedra. “Essas taipas de pedras brutas foram erguidas pelos meus pais e avós e serviam para cercar porcos, vacas e cavalos. Hoje, embora não tenham mais serventia, nós as preservamos porque embelezam a propriedade”, destaca a popular e divertida Trudi.


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