Seu Egon faz o trabalho de artesão pelo prazer de decorar a própria casa com peças de refinado acabamento e bom gosto
Há 62 anos a madeira faz parte da vida de Egon Seefeldt, empresário aposentado que se distinguiu como sócio da Álvaro Piske Cia. Ltda., empresa que fez história na comunidade de Rio Bonito, fabricando esquadrias e carrocerias de caminhão. Dono de uma disposição invejável, aos 78 anos de idade, ele conta o motivo de tão longa convivência com a madeira: “Comecei a trabalhar de marceneiro aos 16 anos, com Alfredo Nielson, irmão de Augusto e Eugênio Nielson, fundadores da Carrocerias Nielson.
Depois, fui trabalhar com Álvaro Piske e aos 25 anos virei um dos cinco sócios da madeireira que ele abriu no lugar da pequena fábrica de móveis. Fiquei na madeireira 32 anos, quando então desativamos a empresa. Mas o fim da sociedade não foi o fim do meu envolvimento com a madeira, coisa que continuo fazendo até hoje”, diz, ao sintetizar sua trajetória profissional.
Ao se aposentar, Egon colocou em prática um projeto que acalentava no tempo de empresário: fazer peças artesanais em madeiras nobres, como araribá e cedro, que ele costumava guardar no tempo de empresário. “Tenho bom estoque de tocos, caibros e até raízes de madeiras de lei que, com paciência, acabam virando peças artesanais”, assinala, bem-humorado.
Seu Egon faz o trabalho de artesão pelo prazer de decorar a própria casa com peças de refinado acabamento e bom gosto. Com uma pontinha de orgulho, ele gosta de mostrar aos amigos algumas de suas produções, como navios, cachimbos, cuias, candelabros, peixes, baús, uma caminhonete e até uma espingarda de brinquedo, mas com aparência de legítima arma de fogo.
Para desenvolver as peças, utiliza um torno que ele mesmo montou num reservado ao lado da casa. No mais, recorre basicamente a uma faca, lixas e formões para transformar pedaços de madeira bruta em peças artesanais muito bem acabadas.
Bastante forte, o empresário que virou artesão, de quebra, gosta de reservar um tempinho para colocar em ordem mapas de medição de terra que ele mesmo elaborou no tempo em que era sócio da madeireira de Rio Bonito.
“A empresa chegou a ter mais de oito milhões de m2 de área florestal, que eu medi de ponta a ponta depois de fazer um curso de agrimensor por correspondência. Embora não tenha diploma, entendo desse assunto e preservo todos os mapas como boas lembranças das minhas andanças na mata atravessando grotas, peraus, morros e planícies”, afirma, com saudades daqueles tempos.
Sossego no Vila Nova
Pai de um casal de filhos, seu Egon ficou viúvo há 22 anos. Dois anos mais tarde, conheceu dona Adelir, também viúva, se casaram e foram morar no bairro Vila Nova, onde permanecem até hoje. Ele lembra que a ida para o Vila Nova deu-se em função de na época o bairro ser carente de cabeleireiras. “A Adelir, que é cabeleireira, me convenceu que seria uma boa opção morar neste bairro por ser um lugar de gente sossegada, e nisso ela acertou em cheio”, diz, feliz da vida.
Dona Adelir aproveita para incentivar o marido artesão. “Se ele fica mais de três dias sem mexer com as suas madeiras eu dou um jeito de fazê-lo ir ao atelier. Se não faço isso tenho certeza de que ele acaba ficando doente”, enfatiza, com um olhar espirituoso. (ND)
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